Ter mestres na vida é para poucos, ser um mestre é para mais poucos ainda.
Hoje vou falar de um grande mestre que tive a felicidade de ter em minha vida.
O engraçado foi que conheci o @, antes de conhecer a pessoa. O perfil @tskf retuitou um tweet meu, quando eu ainda era faixa branca.
Eu não fazia ideia quem estava por trás, fiquei super orgulhosa “poxa, o @tskf tinha retuitado”.
Depois disso fiz exame, passei pra faixa amarela, era uma fase totalmente nova, eu estava confiante. Algumas coisas mudaram: O Sifu Gabriel voltou para a matriz, o Antônio voltou pra Casa Verde… E o Danillo Concenzo ~ vulgo @tskf ~ veio pra filial da Vila Madalena e também para a minha vida.
A faixa branca foi a mais sofrida pra mim, quando passei pra amarela, eu estava menos tensa, peguei gosto por graduar-me e tinha pressa em terminar a matéria e fazer o próximo exame. Eu queria aprender as coisas, rápido. E então, veio o Danillo, com uma grande primeira lição no kungfu.
Kungfu é muito mais que exame, que graduação, que aprender matéria nova.
Danillo ficou a aula toda corrigindo meus básicos da faixa amarela, que eu achava que sabia, e eu não aprendi matéria nova nenhuma aquele dia, mas aprendi muito kungfu.
Outro dia ele colocou um capacete na cabeça e me fez mirar o soco na cabeça dele a aula toda, e teve revanche, claro! Cada golpe, mesmo que não acerte, é pra ser tratado como um golpe de verdade, e deve ser mirado no lugar certo… Isso pode ser óbvio, mas para uma menina como eu que nunca brigou de verdade, e que tinha sérios problemas para se imaginar numa luta, não era – e nem é – tão óbvio assim. Foi assim também com o Lie tien kuan, era preciso colocar verdade nos movimentos.
Claro que até hoje ele corrige minhas aplicações, o lugar para onde estou mirando o soco etc.. Mas acho que já melhorei muito, principalmente porque tenho uma outra visão do kungfu.
O Danillo esteve presente na minha primeira grande decepção dentro kungfu : meu primeiro campeonato. Muitas pessoas me animaram e todos tinham histórias do primeiro campeonato pra contar.
Quando eu achei que não merecia a faixa verde porque fui graduada pela participação no campeonato, o Danillo olhou no meu olho e falou palavras bonitas como todo mundo, mas as palavras não foram o que marcaram, foi o fato de eu ver e sentir que ele acreditava em mim, muito mais do que eu mesma. E, se alguém que eu admirava tanto acreditava em mim, era hora de eu começar a acreditar também!
O Danillo sempre teve um dom estranho para saber quando eu tinha algum problema fora da academia, certa vez ele disse uma coisa que eu vou lembrar sempre:
“Não tem como ser forte em uma coisa e ser fraca em outra. Você é forte dentro da sala de treino, você é forte em todas as outras coisas”.
Não posso falar muito da história do Danillo no Kungfu, porque eu estou apenas há dois anos na TSKF, a história que posso contar é como ele influenciou positivamente a minha vivência e desenvolvimento nessa arte marcial.
Mais que a técnica que ele me passou nesse tempo e a paciência que sempre teve, o grande legado foi o de acreditar.
Eu não sou talentosa, não sou forte, nem ágil e nem flexível, mas o Danillo me ensinou que não é por isso que eu não posso ser uma boa artista marcial. Que tais coisas se compensa com o treino e tempo. As coisas necessárias são outras, aprendi a acreditar em mim e na minha capacidade.
Agora o Danillo vai partir, vai continuar fazendo a história da TSKF e também do Kungfu no Brasil, mas em Minas Gerais. Vamos todos sentir muita falta, mas a Vila Madalena foi apenas mais um capítulo de uma história bem maior. Um capítulo bonito, feliz e muito bem feito, que mudou a vida de muita gente.
Obrigada por tudo, Danillo Cocenzo!