Particularmente eu gosto de ler coisas orientais porque, como já disse antes, é uma coisa que abre a cabeça. Tem muita coisa interessante na nossa filosofia, mas a oriental traz conceitos tão diferentes quanto ricos, eu busco sempre tentar encontrar minhas próprias respostas, e por isso, nada melhor que ver a vida sob outros pontos de vista.
“Arte da Guerra” é aquele tipo de livro que a gente sabe que vai ter que ler um dia, no meu caso, esse dia chegou quando resolvi comprar pela primeira vez um daqueles livros das máquinas de livros do metrô, a edição não é tão ruim (mesmo eu nunca me satisfazendo com essas traduções).
É um tratado militar escrito no século IV a.c. por Sun Tzu, e sim, ele só fala de guerra e estratégias bélicas, e não há nenhuma nota de editor dizendo “olha como isso tem a ver com o seu dia a dia”, e mesmo assim é possível se fazer muitos paralelos. Eu vou colocar muitas frases aqui, mas não substitui a leitura, pois não é só o que está sendo dito mas todo o contexto e porquês, que nem se eu quisesse eu conseguiria colocar aqui.
Praticamente ele vai descrevendo quais são os caminhos do fracasso e sucesso numa guerra, simples, direto, sem complicações, e vai contando algumas histórias para ilustrar. (todos grifos meus)
“Vencer cem vezes em cem batalas não é o auge da habilidade, mas, sim, subjulgar o inimigo sem precisar lutar.”
Vamos lá…coisa bonita pra se ler e reflertir
“Faça com que soa força seja percebida pelo inimigo como fraqueza, e sua fraqueza como força. Ao mesmo tempo, aja de maneira tal que a força dele se torne fraqueza; assim, descubra onde ele não é realmente tão forte… Esconda suas pegadas de forma que o adversário ou ninguém possa discerni-las; mantenha o silêncio para que o hostil ou ninguém possa ouvi-lo”.
E agora uma bem ao estilo “Be Water, my friend” do Bruce Lee:
“Pode ser chamado de divino quem é capaz de vencer por modificar suas táticas de acordo com a situação inimiga pois, dos cinco elementos, nenhum é sempre predominante; das quatro estações, nenhuma dura para sempre; dos dias, uns são longos e outros curtos, e a lua cresce e míngua.”
Que tal essa pra explicar pro seu chefe, que sem trabalho em equipe vai sempre se estar atrás da concorrência. (por mais recursos e dinheiro que se tenha).
“Sendo o exército confuso e suspeito, os regentes vizinhos serão um permanente problema. Um exército confuso leva o outro à vitória.”
ou
“Um general hábil busca vitória pela situação e não a exige de seus subordinados, sabe selecionar os homens certos e estes exploram a situação.
Essas praqueles momentos que você se sente pressionado a agir sem saber se deve, praqueles que não sabem distinguir covardia de bom senso:
“Será vitorioso aquele que sabe quando pode lutar e quando não pode.”
“Será vitorioso quem sabe quando usar tanto as grandes quanto as pequenas forças.”
“Os habilidosos na guerra podem tornar-se invencíveis, mas não podem causar a vunerabilidade inimiga”
“A invencibilidade reside na defesa; a possibilidade de vitório, no ataque”
Pra um eventual bibliotecário que esteja lendo isso
“Geralmente, não há diferença entre administrar muitos e administrar poucos. Trata-se de uma questão de organização”
E para um eventual arquiteto de informação
“O que é difícil, na arte das manobras, é fazer com que o desvio seja o mais direto possível, transformando o infortúnio em vantagem”.
tem essa também
“Não podem conduzir a marcha de um exército aqueles que não conhecem as condições de montanhas e florestas, desfiladeiros, pântanos e terrenos perigosos. E os que não usam guias locais são incapazes de obter as vantagens do terreno.”
E pra quem se sente com pouca inspiração….aqui uma lição de criatividade:
“São apenas cinco as notas musicais; contudo as melodias que estas produzem são tão numerosas que é impossível ouvir a todas.
São apenas cinco as cores primárias, entretando, as combinações que produzem são tão numerosas que é impossível visualizar a todas.
São apenas cinco os sabores, mas suas misturas são tantas que é impossível provar a todas.
Na batalha, temos situação idêntica:temos somente forças normais e extraordinárias, mas suas combinações não têm limites, ninguém pode compreender a todas.”
É, o livro é uma lição, do tipo… apenas faça, tem tudo que precisa das mãos
“Na batalha, valha-se de uma força normal para o combate e utilize a extraordinária para vencer”.
“Aparente confusão é produto da boa ordem; aparente covardia, de coragem; aparente fraqueza, de força. Ordem ou desordem dependem de organização; coragem ou covardia, das circunstâncias; força e fraqueza, das disposições.”
E mais filosoficamente
“Há certas estradas que não se deve seguir.”
Sobre auto conhecimento
“…aquele que conhece o inimigo e a si mesmo, lutará cem batalhas sem perigo de derrota; para aquele que não conhece o inimigo, mas conhece a si mesmo, as chances para a vitória ou para a derrota serão iguais; aquele que não conhece nem o inimigo e nem a si próprio, será derrotado em todas as batalhas…”
E pra terminar, segundo Sun Tzu, para se atrair a derrota, há seis condições básicas (né)
“- Desdenhar o cálculo da força inimiga
– Ausência de autoridade
– Treinamento ineficaz
– Cólera injustificável
– Desrespeito à disciplina”
Pra quem curte a parte sangrenta da coisa, não é por acaso que Jet Li está ajudando a ilustrar o post, deixo o trailer do filme “Senhores da Guera” (“The Warlords“) que é o ambiente que imagino que tenha sido o que o Sun Tzu escreveu seu tratado, e um ótimo filme para quem gosta de filmes do tipo.