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A manteiga do cacau ou “do the evolution”

19 Maio


Esse post é para registrar várias coisas que tenho pensado nos últimos tempos, é um post doidinho, meio bagunçado, meio misturando coisas, é para mim, para que eu possa organizar meus sentimentos em palavras e guardar ele por aqui…

Algumas vezes, quando o cansaço físico se junta ao mental, costumo sentir meu espírito se encolher…como se ele não concordasse com o ritmo e rumo que dou pra minha própria vida…

Costumo pensar em meus solitários olhares pelas janelas –  janela do ônibus em meus trajetos (casa.sp-trabalho-kungfu-casa.avare), janelas do meu apartamento – se o que tenho vivido da minha vida é realmente o que eu quero pro resto da dela…porque na verdade esse resto já começou faz um tempo, acontece agora, e existirá ainda por um tempo (talvez curto demais).

Aos meus 16 anos eu queria era fazer alguma coisa para mudar o rumo das coisas na Terra, sério, eu queria ao menos contribuir. Me cortava o coração estudar sobre como a Mata Atlântica havia sumido do mapa e qual era o destino inevitável de todas as matas do mundo. Naquela época eu queria fazer faculdade de Ecologia.

Fiz vários testes vocacionais  (era moda aquela época, ou talvez seja sempre pra quem tem 16 anos). Lembro que eles costumavam dizer que eu tinha que ser jornalista, na verdade os resultados eram genéricos…para uma menina que gostava de ler e não gostava de números, não lhe cabia muitas opções. Em um desses testes, o exercício era pegar várias revistas e trazer as coisas que mais chamassem atenção, uma das coisas que levei foi uma foto linda de uma arara.

Até procurei a foto exata, mas não achei..era uma arara vermelha clicada no exato momento que estava sendo picada por um mosquito da malária. Acabei sendo convencida de que o que me interessava era o ato de registrar uma foto daquelas e não o desenvolvimento de uma doença numa ave silvestre. Os argumentos lógicos me convenceram, embora meu coração sempre ficasse apertado por me ver incapaz de fazer algo útil por aquelas aves…

Não me tornei ecologista, nem jornalista. Sou bibliotecária e hoje trabalho onde precisa-se de trabalho, teria sido assim, não importa qual faculdade eu tivesse feito. Eu gosto do que faço, não é essa a questão, só me sinto às vezes engolida pelo sistema. Completamente integrada ao emaranhado da realidade contemporânea…perfeitamente encaixada. Um encaixe tão perfeito que chega a incomodar.

Conversando com uma amiga esses dias ela achou o máximo quando eu disse “Se eu não trabalhasse, precisaria de menos dinheiro do que preciso”, uma conclusão óbvia, é preciso muito dinheiro  para se manter trabalhando…. ter, vestir-se, comer, estudar, morar, locomover-se, necessidade que seriam diferentes, se não trabalhássemos.

Passei pra ela um vídeo que assisti esses dias “A história das coisas”. Achei ótimo. Exatamente a inquietação que sinto ao consumir, por exemplo, uma MANTEIGA DE CACAU… Quantas coisas, pessoas, processos e produtos para que eu possa usar uma manteiga de cacau, um batom diferente pra proteger do frio…já perdi conta de quantas manteigas de cacau já tive na vida…o que acontece com todas essas embalagens? Esse cacau que usei fez falta em algum lugar?

Esse post pode parecer sem nexo…são apenas meus sentimentos de desencaixe do mundo e da maneira como ele funciona. Faço parte do sistema, contribuo para que ele continue sendo como é. Mesmo assim, desejo fazer o mínimo para que as coisas sejam diferentes, ou ao menos deixar que meu espírito expresse sua insatisfação com o mundo, as coisas e as pessoas (inclusive eu mesma).

Um outro vídeo que me chamou a atenção foi este “Children see, children do“, genial. Qualquer ser humano, de qualquer parte do planeta pode ver e entender.

Será que vivemos de acordo com o que queremos? Será que nossas ações condizem com que acreditamos? Eu tenho minhas dúvidas à respeito, as vezes me sinto fora do lugar…

Não…eu não quero comprar outro óculos de sol, só porque o meu é do ano retrasado, não quero definitivamente passar por cima dos meus princípios e da minha saúde para ganhar mais dinheiro. Não quero conviver com gente de energia ruim…e sempre que tiver opções, tentarei viver de acordo com isso.

A imagem do começo do post é do clipe da música Do the evolution, do Pearl Jam

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Por último…um vídeo de uma professora justificando uma greve, lá no Rio Grande do Norte. O que tem isso tem a ver com você?

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Atualização[Fev.2012]:

Tive conhecimento de uma teoria altamente conspiratória, mas ao mesmo tempo bem lógica se pararmos para pensar, a “Obsolescência programada” ou a de que tudo que é produzido já é produzido com data para acabar.

Além de sermos influenciados pela moda e pela mídia para que continuemos sempre comprando, talvez seja até mesmo uma feature do produto ser algo com fim determinado.

Para mais detalhes http://blogs.estadao.com.br/link/programado-para-morrer-2/